sábado, 30 de janeiro de 2010

Sonetorto de amigo

Dedicado a vocês, meus eternos irmãos de universo:

Aos companheiros de galhofa só vos digo
ainda bem que já não sois mulheres
mulheres fossem já teria sucumbido
na mesma rosa posto o bem e o mal me queres

mas logo sendo amizade fruta pura
só vos conservo o bem querer do amor pagão
de que mais vale uma amizade tão frondosa
senão tornar o ombro amigo um guardião

se c'oa mulher amor e ódio em sorvedouro
logra-te a vida no espasmo d'um segundo
contigo amigo o lance é lento e durad'ouro
perpétuo orgasmo esparramado pelo mundo

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Que porra de céu é esse?

“Pois o que é o Anticristo senão aqueles
que contra Pecadores fecham o Céu
Com grades de Ferro [...]”

Autor desconhecido


Que porra de céu é esse

Que não tem anjo preto

Que porra de céu é esse

Que não perdoa a farra

Que porra de céu é esse

Que só admite pessoas requintadas e de boa índole

Que porra de céu é esse

Que esconjura, barra e impede passagem aqueles que roubaram, mataram e pecaram

Que porra de céu é esse

Que só sabe dar lugar a mitologia nórdica d’um Jesus de olhos azuis

Que porra de céu é esse

Que não se pode beber e nem trepar c’oas nuvens

Que porra de céu é esse

Que tem entrada social e de serviço

Que porra de céu é esse

Que tem catraca e exige RG pra entrar

Que porra de céu é esse

Que não pode ter celulite, comer fritura e engordar

Que porra de céu é esse

Que tenho que pedir licença pra São Pedro, só pra me aproximar

Que porra de céu é esse

Que só quer saber de cordeiro manso

Que porra de céu é esse?

Só de pensar... Ave Maria!

Eu canso...

Macalé

Eu apertei a mão do infinito

Depois de longo jejum, facadas , porradas na caras e ,lógico, sarjetas infladas.



Eu apertei a mão do infinito


Eu apertei a mão do infinito
e ela estava vazia
e mantinha o som
a sombra
e o último gole
da pobre alegria que sobrava
o resto
o rastro
infinito descompasso
das arestas internas
que fazia o escuro ser claro
que fazia do tudo ser nada
que des-manchava
que se acabava
que fazia do príncipe o ladrão
era torto
sem direito
cacofonia
verbo sem sujeito
de seu mole movimento
seu único alento
de dentro
de fora
arrombando a porta

Douglas Alves

O silêncio

Outra balanço do nosso rei do balanço, das taras nas janelas saturnais e misto quente lisérgico.

O silêncio

O silêncio
sem ele
O que seria a música
a musa
e até mesmo a fusa
preenchida e cheia de graça
mesmo sem ser ave maria
O silêncio é uma preçe
é tudo
é nada
eu
você
O silêncio nos une
nos separa
nos compara
nos vale
O silêncio é uma prece
cresce
contém
expande
O silêncio prevalece

Gabriel oRocha

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

It´s a long way, it´s a wrong way

It´s a long way, it´s a wrong way


enquanto puder levitar
com pés postados no chão
qualquer viagem te vale
ainda que a face empoeire
ainda uma barba lhe cresça
ainda que o ânimo esgote
qualquer migalha de gozo
a ti já pombo sem asa
qualquer respingo de oásis
que escorra do fundo cantil
em qualquer desejo deserto
qualquer vintém de alegria
lançado de esmola ao chapéu
de ti já lugúbre idoso
qualquer neon purpurina
a pairar no ar congelado
um lapso
um ato
um segundo
de voraz folião desvairado
todo o possível sussurro
flauta doce sereia alardar
enquanto que seja possível
Mira-celi viver desbravar
qualquer viagem é
vale
e sempre será
se foi...
foi e nem se deu conta
que um dia haveria de estar

Macalé