o verbo sagrado não se encontra sobre as nuvens
ou inscrito nas abóbadas sagradas
- não pergunte a Michelangelo onde está o verbo sagrado-
pois o verbo sagrado se encontra como se encontra a sorte
no biscoito chinês ou a alegria atômica nas proféticas lixeiras da urbe desvairada
verbo sagrado é a imagem culminante da transubustanciação do homem em delírios de pão e vinho
verbo sagrado é a saga da virgem imaculada de Maria Madalena a Lady Gaga
verbo sagrado é o foguete prometéico que explode todo dia no cu dos mendigos visionários
verbo sagrado é ir na contramão do pelotão só de sambacanção
verbo sagrado é o florescer da lótus no aterro sanitário
verbo sagrado é a acupuntura perigosa no corpo do Estado
verbo sagrado é a Tradição sendo cremada na Vila Alpina
verbo sagrado é a Família nuclear putrefazendo no casarão rodeada de moscas
verbo sagrado é a Propriedade se abrindo como uma vagina molhada a todos que a desejam
verbo sagrado é aquele que será roubado das entranhas do asfalto
tal como se rouba um beijo
da boca que sempre te escarra
Macalé
sábado, 31 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
a imaginação de poder...
Minha imaginação te buscava só de pijamas
Corria solta pelas ruas e bares afora
Apelando no jogo de fliperama
Cantando como louca no jukebox
- quando te buscava numa canção de 0,50 centavos-
E te recordava enquanto a princesa
Dum castelinho na Rua Apa
Minha imaginação te buscava só de pijamas
E desvelara tua imagem
No fundo do copo americano
Sublimando até a última espuma
Em colarinho transbordada
E viajando dentre as nuvens
No Eldorado
Topou contigo, musa que a flechou
Enquanto um dardo
Numa ficha que rolou no jukebox
E deu play numa canção do Leonardo
Minha imaginação chorava agora de alegria
Pois sabia que ficou envenenada
Musa-flecha
Que varou veloz o corpo
Lhe atirou de volta ao palco iluminado
Minha imaginação, enfim,
abdicou do poder e ficou nua
Resolveu virar palhaça e se vestir de doirado
Cantando em brasa a pombagira que a flechou
Macalé
Corria solta pelas ruas e bares afora
Apelando no jogo de fliperama
Cantando como louca no jukebox
- quando te buscava numa canção de 0,50 centavos-
E te recordava enquanto a princesa
Dum castelinho na Rua Apa
Minha imaginação te buscava só de pijamas
E desvelara tua imagem
No fundo do copo americano
Sublimando até a última espuma
Em colarinho transbordada
E viajando dentre as nuvens
No Eldorado
Topou contigo, musa que a flechou
Enquanto um dardo
Numa ficha que rolou no jukebox
E deu play numa canção do Leonardo
Minha imaginação chorava agora de alegria
Pois sabia que ficou envenenada
Musa-flecha
Que varou veloz o corpo
Lhe atirou de volta ao palco iluminado
Minha imaginação, enfim,
abdicou do poder e ficou nua
Resolveu virar palhaça e se vestir de doirado
Cantando em brasa a pombagira que a flechou
Macalé
sexta-feira, 9 de julho de 2010
A sede da sede
A sede da sede
A sede da sede
não cede
não molha
corta... corta...
suor não é água
tem sal
lágrima não é água
tem sal
sobra sal
falta terra
sobra sol
falta sombra
a falta corta
é pior que navalha
a falta corta
é bem mais afiada
Douglas Edimilson
A sede da sede
não cede
não molha
corta... corta...
suor não é água
tem sal
lágrima não é água
tem sal
sobra sal
falta terra
sobra sol
falta sombra
a falta corta
é pior que navalha
a falta corta
é bem mais afiada
Douglas Edimilson
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Valo
Vale o quanto preza
o que se pesa
pra quem e por quem
reza
Em quem o chicote pesa
o chumbo pesa
...a alma lesa
Vale a vida
vale nada
...vala comum
Vale uma bala
...perdida
Vale o que se nega
se despreza
se acumula
descarrega
Vale o resto
o rosto
o desgosto
Vale o que se troca
se consome
Vale a vida consumida
...consumada
Vale os vermes
que nos comem
consomem
a bebida que consola
Vale a dor passageira
que se perpetua
...a cada segundo
Vale um sopro
um soco
um afago
Vale o efêmero
...o que desfalece
Vale um objeto
um sujeito que nem cresce
...que falece
Vale um fetiche
uma fantasia
...uma azia.
Gabriel Rocha
o que se pesa
pra quem e por quem
reza
Em quem o chicote pesa
o chumbo pesa
...a alma lesa
Vale a vida
vale nada
...vala comum
Vale uma bala
...perdida
Vale o que se nega
se despreza
se acumula
descarrega
Vale o resto
o rosto
o desgosto
Vale o que se troca
se consome
Vale a vida consumida
...consumada
Vale os vermes
que nos comem
consomem
a bebida que consola
Vale a dor passageira
que se perpetua
...a cada segundo
Vale um sopro
um soco
um afago
Vale o efêmero
...o que desfalece
Vale um objeto
um sujeito que nem cresce
...que falece
Vale um fetiche
uma fantasia
...uma azia.
Gabriel Rocha
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