domingo, 14 de março de 2010

Vertigo ergo sum


''Os abismos atraem;a embriaguez chama a embriaguez;a loucura possui irresistíveis atrativos para a loucura. Quando um homem sucumbe ao sono, abomina tudo oque poderia acordá-lo. Acontece o mesmo com os alucinados, os sonâmbulos extáticos, os maníacos, os epiléticos e todos aquele que se abandonam ao delírio de uma paixão. Eles ouviram a música fatal, entraram na dança macabra e sentem-se arrastados no turbilhão da vertigem. Vós lhe falais, não vos ouvem mais, vós os advertis, não vos compreendem mais, mas vossa voz os importuna; tem sono do sono da morte.''

Eliphas Levi

Vertigo ergo sum

Prova-te imberbe
O gosto das trevas
O pão amassado
Curtido em enxofre
De Lúcifer surge
A face no espelho
Imagem cachorra
De ti em desvelo
Atesta teu gosto
O pecado já gasto
venal gargalhada
te rói as entranhas
em meio as relvas
floresta sangria
teu sétimo selo
teu pacto ígneo
calvário frondoso
xadrez com sabá
rumina esta terra
ao sétimo passo
vertigem rasgada
surrado caráter
feroz decrescente
te joga no risco
ciranda de fogo
a ida a teu núcleo
dispara no ocaso
tua estrela afastando
já luz rarefeita
no trágico encontro
Paracelso lhe volve
de frente a tua tez
tridente dourado
varando-lhe as vísceras
necropsia porca
lhe resta saber
na gruta obscura
que mais a perder?
Descida ordinária
A todos é lei
Quem sabe se lendo
A bíblia ao contrário
Te tornes de fato
Teu único rei

Macalé

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