Infelizmente por nossa incapacidade de dominar o mundo virtual não podemos colocar essa poesia com toda sua riqueza visual ,mas em breve publicaremos em papéis e distribuiremos em banheiros públicos, bailes de terceira e idade e em qualquer lugar onde a sacagem corra solta.
“ A alegria de viver, que é a razão, o motivo mais forte da própria vida, torna-se mais forte justamente quando ela é contrariada. Por mais paradoxal que pareça, a concepção trágica da vida pode levar ao pessimismo, mas também pode estimular a alegria de viver, em vez de levar a condenar a vida, suas tristezas e misérias. É nas situações mais trágicas e terríveis que se manifesta esta força maior, que é a alegria de viver. A vida é a mais difícil das tarefas e o amor à vida o mais difícil dos amores, mas também o mais gratificante. Como escreveu Nietzsche, ‘tudo o que não me mata me fortalece’. Ou, como diz o provérbio brasileiro, o que não mata engorda.”Clément Rosset, filósofo francês em entrevista a’O Globo em 10/08/2001
ALEGRIA
Manifestação desgraçada da alma que metralha purpurina nas pálidas faces de concreto armado Sussurro indecente que escorre das almas sebosas da Cracolândia Insurgência diarréica expelida do lumpen-diamante-bruto vagando em vielas de chorume Sublimação de todo o xisto betuminoso das vias marginais rompendo fendas e tragando automóveis.
ALEGRIA
Berro luminoso expurgado do vórtex das cacholas embebedadas Escarros de neon vertidos das bocas-de-lobo Espasmo incandescente de lobotomias urbanóides Catarse radioativa de freqüências boçais em ouvidos terráqueos
ALEGRIA
Corrosão vertiginosa de todo e qualquer status quo Arremedos de delírio em sorveterias psicotrópicas Rolar dadinhos de pedra nas loterias da babilônia provar uma fagulha de novo aeon e sair pulando as catacumbas corporativas dos rinocerontes almofadonhos*
ALEGRIA berro
ALEGRIA manifestação
ALEGRIA sussurro sublimação transgressão
ALEGRIA escarro
ALEGRIA lobotomia corrosão arremedo
ALEGRIA loteria dado desejo
ALEGRIA fagulha fantasia
ALEGRIA = ORGIA
MACALÉ
*almofadinha + enfadonho = almofadonho!
Enquanto dançávamos
ResponderExcluirenquanto dançávamos
suores, gingados, bailados, malabarismos over and over, volúpias adocicadas da morena das marolas encaracoladas
enquanto dançávamos
girando e girando
mil palhaços ateavam fogo nos circos
malabaristas chapados brincavam de xamãs no globo da morte
carrosséis de alcaçuz rodavam a 3000 RPMs
caldas de caramelo lambuzavam a boca das bonecas
picolés galáticos eram devorados por multidões de crianças famintas
tudo enquanto dançávamos
girando, girando, e girando
rotacionando uma engrenagem carnal movida a torpor
energia cinética provida da dilaceração dos sentidos
o universo de carne e osso chamado loucura
e nossos corpos em braza
girando, girando, girando, e girando
as metralhadoras ensurdeciam nas tricheiras
bárbaros em guerra piedosamente clamavam cessar-fogo
atlântida ressurgia tomada de líquens e corais
os deuses astronautas voltavam a erguer suas pirâmides
uma caravana de 59000 jagunços tomava as ruas
o sol da meia-noite baixava no paissandú
vasco da gama desbravava as índias interplanetárias
bombardeios de brigadeiro estouravam em rotas jamais percorridas
e nós...nós com nada mais nos importávamos e mais e mais
girávamos, girávamos, girávamos tão quão mais girávamos
picadeiros incendiavam
a rota dos astros estropiava
o calendário lunar entrava em colapso
guitarras lascivas varavam as vísceras
tudo era quente, quente como uma batata latejante em 1000 graus de fervura
e nós... e para nós a dimensão era atemporal
brincávamos de ser eternos
estourando ampulhetas de caramelo e mais do que nunca
girando, girando, girando, girando, e girando
incrívelmente girando!!!!
e estourando os portais da quarta dimensão
mergulhando no abismo etéreo da cega dança do universo
e só quem já dançou com o maca sabe que é tudo verdade.
ResponderExcluirdouglas, esse do macalé tem que entrar no arquivos do blog. e por que não, da história!
ResponderExcluirvoce perdeu o sarau aquele dia: depois que a galera subiu ao palco é que a coisa ficou divertida! muito, com direito a gargalhadas do público.
e o trio que tocou foi ótimo; mas aqui, sem risos.
aline
AMADO MICHAEL
ResponderExcluir(Tom Zé)
Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.
Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.
Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.
Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.
II
Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.
Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?
Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.
Se os olhos são as janelas da alma...
ResponderExcluirTalvez no breu da pálpebra cerrada
Possa fitar, ainda que momentânea,
A casca de noz velada
N’universo de meu âmago
Uma vasta e também cega
Multidão de mãos atadas
Girando anos-luz
Em nebulosa ciranda de etern’alegria
Se os olhos são as janelas da alma...
Brinco de cabra-cega
Na vaga-idéia de ser