dedico o poema abaixo a nosso célebre patrono da aviação: Alberto Santos Dumont, uma daquelas poucas pessoas que puderam provar o deleite de estar no momento certo e na hora certa com uma brilhante idéia na cachola.Não fosse o fato de estar em Paris (maior metrópole cultural da época),seriam os irmãos Wright os grandes donos da aviação.Mas ao ter adquirido o trunfo do alado advento nosso brasileiro passaria por uma grande frustração: ver seu invento sendo utilizado á fins mesquinhos e inescrupulosos custou uma grande tristeza seguida de morte a um homem que defendia um visão humanista do saber técnico.
Á Santos Dumont:
Á revelia da leveza
elevada performance
minerva em saraivadas de prata
plúmbicos assovios
n´áurora iluminada
sísmicas trombetas
de anjos esfarrapados
solapadas de tesão
em abóbadas trepidantes
finitosfera terráquea
em pé de putrefação
mais um tolo impulso
neste atômico ritual
comunhão supersônica
em céus de safira
escarradas de nióbio
surrando negras nuvens
supersônica alquimia
trespassando anos-luz
a mitologia terrena
das asas de cera
orgulho matemático
perante andorinhas, falcões e colibris
supersônica utopia
contemplar-se, quiçá, um dia,
ao lado da Estrela Vésper
tola inveja
sentes, amiúde, o demiúrgico gozo da criação
ao dotar tua máquina alada
de leveza, sensualidade e função
faz jus a tua certeira e brilhante razão
conduzir aéreas caravanas
com eletrônicos miolos irmãos
divinas e pérfidas esquadrilhas
de fumaça venenosa
furioso Enola Gay
fazendo brotar imensas labaredas de cogumelo
engulam agora como fato consumado
o trágico poder do acaso
ousar tomar os céus de assalto
toneladas de carne, sangue e ossos lhe custaram.
Macalé
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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